Por Clarissa Lütke Marques, terapeuta e professora de Leitura de Aura & Meditação das Rosas
Há muito busco o que é espiritualidade. Posso dizer até que desde muito pequena essa busca já existe. Na infância, espiritualidade era sinônimo de anios, cristais, fadas, bruxaria e espíritos. Mais pra frente se traduziu também em energia, reiki, cura sutil, chakras. E, depois, veio a consciência de união, bondade, criação de realidade. Tudo válido, tudo lindo.
Mas minha mais recente descoberta – que já faz alguns anos, mas considero recente e me sinto engatinhando – foi realmente entender que espiritualidade e autoconhecimento são a mesma coisa. Na teoria, até que eu já sabia. Mas hoje — e reforço “hoje” porque também estou aprendendo que espiritualidade, incertezas e impermanência caminham juntos –, hoje eu estou começando a sentir isso na pele. Percebendo que se eu não souber quem eu sou e como eu funciono, vai ser muito difícil encontrar a paz, a presença, o universo dos anjos dentro de mim.
Porque sim, o universo dos anjos é maravilhoso, lindo e abençoado (e eu peço ajuda para os anjos o tempo todo, de verdade). Mas enquanto ele somente estiver fora, talvez a paz que eu busco não dure muito tempo. Enquanto eu não encontrar esse céu dentro de mim, eu posso olhar olhar olhar pro paraíso, mas assim que fechar os olhos, vou sentir o inferno interior. E vamos combinar que ficar imaginando e olhando o paraíso no momento em que estamos não dura muito tempo. Dá a sensação de que estamos em um momento em que o mundo, a natureza, as situações estão nos mostrando, do lado de fora, o caos interno que temos dentro. E eu quero muito mudar o fora, mas também me dei conta que enquanto eu não conhecer e mudar dentro, as mudanças externas talvez não se sustentem.
E, de uma forma que nem sei explicar, tudo isso hoje para mim é espiritualidade. Enquanto no passado achava que, por exemplo, psicanálise e espiritualidade não podiam conversar, hoje vejo que espiritualidade e entender que meu comportamento é um reflexo dos meus pais, é a mesma coisa. E acho isso ótimo, penso “que bom, tem um caminho”. Tem até uma matemática por trás do autoconhecimento. E talvez uma matemática por trás da espiritualidade – mas aí acho que seria mais a matemática sagrada, aquela que muito a gente não consegue entender mesmo.
Imagina, matemática e espiritualidade juntos. Na minha fantasia de criança isso jamais existiria. Eu separava tudo em “dois balaios”: o que é espiritual e o que não é. Não que eu ainda não me pegue fazendo isso. Mas essa consciência que espiritualidade e autoconhecimento caminham juntos me abriu uma nova visão sobre espiritualidade e também me colocou em mais união com o todo.
Aos poucos, vou entendendo que se todos os seres que estão nesse mundo são seres espirituais, o mundo material que vivemos é um mundo também espiritual. Ufa, que alívio, parece que no fim das contas vim pro lugar certo mesmo. Entender que o mundo externo, material ou não, está constantemente me ajudando a me conhecer, trazendo estímulos e provocações pra eu entender como eu funciono e para assim, um dia, conseguir acessar a paz dentro de mim… Ufa, dá um alívio de novo.
Anjos, cristais, fadas, bruxaria, espíritos, energia, chakras, auras, psicanálise, mente, coração, conhecimento, intuição, matemática. Acho que tudo isso forma a espiritualidade que eu amo tanto. E o autoconhecimento, o protagonista da jornada, que transforma tudo em uma profunda aventura material e espiritual! Eu me realizo em perceber, cada vez mais, a união dos mundos. Acho que, no fim, eu sempre quis que tudo ficasse no mesmo balaio.